🖊️Tá Todo Mundo Tentando: Caio F
O gesto pequeno de “arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria”.
Para ouvir lendo: Suki, “Unrest”. Tá na playlist da TTMT no Tidal. Sim, Tidal, porque das plataformas de áudio é a que paga melhor os artistas, e isso importa.
Oi,
Não sei você, mas eu tô que só penso no recesso de final de ano. Dormir até tarde, pisar na grama, fazer vários nadas. Vai dar bom. Mas tem muita coisa para acontecer antes disso. Listei algumas delas na edição de ontem do Guia Pauliceia, com feiras e bazares para quem vai fazer compras ainda esse ano:
E tem ainda o lançamento do “Deslumbre”, meu livro novo, que está em pré-venda e tem lançamento oficial na próxima semana, com festa no ótimo Bolor, na Santa Cecília, com discotecagem da Flavia Durante e do Camilo Rocha. Quem já comprou na pré-venda (obrigada!) pode levar para assinar; quem não comprou pode resolver na hora. Também teremos pôsteres, adesivos e os outros livros do catálogo da Terreno, e o Bolor tem uma seleção ótima de vinis, camisetas e outras coisas bacanas.
Se puder apareça e dê um oi. Vai ser muito legal encontrar leitores por lá!
Lançamento “Deslumbre: Histórias de Obsessão Musical”
Quinta-feira, 18/12, das 18h às 22h
Bolor SP: Rua Frederico Abranches, 118, Santa Cecília
Mais informações nesse post
Momento Insider!
Não sei vocês, mas eu tô numa ansiedade louca pelo recesso de final de ano e aquelas breves férias entre Natal e a primeira semana útil do ano que vem. Tem muita coisa importante para acontecer em 2026, e um descanso se faz necessário.
Enquanto as festas e o recesso não chegam, sobrevivo um dia de cada vez e do graças à deusa por não ter que encarar shopping center nessa época do ano. Se é seu caso, sinto muito, mas nessas horas, praticidade não é luxo: é estratégia de sobrevivência.
A Insider ajuda muito nisso. As peças são básicas no melhor sentido — corte ótimo, tecido tecnológico, cores bonitas — e chegam rápido em casa. A temporada de Natal está com descontos de até 30% OFF, somando o que já está no site com o meu cupom TATODOMUNDO, e ainda 20% de cashback para usar depois. E, caso o presente precise ser trocado, o sistema de troca simplificada resolve tudo online. Sem filas, sem caos, sem erro.
Entre os kits femininos, dois que me chamaram atenção:
• o conjunto de regata + pantalona azul-marinho, leve e elegante;
• o kit de camiseta de manga longa + shorts leve, perfeito para quem quer conforto sem perder a estrutura.
Pra quem pediu “roupa boa pra trabalhar”, separei dois kits funcionais e versáteis:
• Tech T-Shirt + calça de alfaiataria leve, que segura o tranco do metrô ao escritório;
• camisa leve + pantalona preta, básico profissional que funciona em qualquer clima.
Presente resolvido, compra rápida, zero stress. E vai fazer bonito na hora de abrir.
Uma claridade insistente
Quando penso no que me ensinou a ler — não decodificar palavras, mas ler — sempre volto ao Caio F. Acontece há décadas. Não passa. Cruzei com ele pela primeira vez quando tinha mais ou menos uns 13 anos, encontrando essa edição do “Morangos Mofados”, que foi da minha mãe. Li repetidas vezes, marcando trechos inteiros com caneta amarela fosforescente. Está ainda hoje na estante, um tesouro, como se fosse uma pequena arca antiga que posso abrir para pegar inspiração quando preciso. Nunca falha. Enquanto o mundo corre, a vida vem, Caio F segue ali, disponível, interessante e interessado, com a lucidez de quem parece ter entendido o futuro antes que a gente chegasse.
Li o texto do Marcelo Moutinho sobre “Morangos Mofados” aqui no Substack, em novembro, e fiquei com essa impressão de 2025 como um cenário que Caio já tinha mapeado nos anos 1970 e 1980. Pela melancolia, sim, marca forte e motivação inicial da minha atração, mas também pela consciência, esse olhar que encara o caos e, ainda assim, procura (e acha) uma fresta de luz.
Volto ao que sempre me surpreende: Caio é um autor que o Brasil empurrou para a margem em vida, mas que hoje cai no vestibular. Literalmente. “Morangos Mofados” entrou na lista da Unicamp 2026, com seis contos pedidos na prova. Um escritor gay, perseguido pelo DOPS, exilado, abertamente homossexual num país que nem nomeava a própria homofobia — agora lido por adolescentes como parte do cânone. Isso diz alguma coisa sobre o Brasil, e diz muito sobre ele.
A CNN Brasil publicou em junho passado um perfil lembrando o essencial para os vestibulandos: Caio foi jornalista, dramaturgo, vencedor de três Jabutis; estudou Letras e Artes Cênicas; viveu entre Porto Alegre, Londres e Paris; se refugiou na casa da Hilda Hilst quando a repressão apertou; se tornou voz pública sobre HIV nos anos 1990, quando falar disso significava enfrentar pânico e preconceito. Morreu jovem, aos 48, cuidando de um jardim. Gosto de pensar que teve uma morte bonita — é raro.
E ele merecia uma morte bonita. Porque Caio escreveu o desamparo e escreveu também a insistência. O gesto pequeno de “arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria”.
É um autor que me moldou. Pelo estilo, mas pela postura combativa, pelas dores de amor, encantamentos obsessivos, música, calçadas sujas, algo de bonito no que está no escuro, atravessando a névoa com uma lanterna meio falha, mas insistente. Um escritor que seguimos consultando como quem retorna a uma fonte de água sempre limpa.
Leia mais na crônica do Marcelo Moutinho aqui no Substack
Direto do acervo da TTMT
Tá todo mundo tentando: sonhar
Para ler ouvindo: SVIIB Half Asleep. Indicado pra quem gosta de Cocteau Twins, de shoegaze e de olhar a cidade passando pela janela do carro (Youtube/Tidal)
Ouça o Caio nesse episódio de 2021 do 451 Mhz
💌Newsletter amiga da semana: The Wax Museum
A lista de cem anos do pessoal do Wax Museum tem aquela qualidade meio inútil e também deliciosa das discussões sobre discos. O autor admite que listas são um vício, e reuniu seus 100 melhores álbuns de 2025 com notas de rodapé, videoclipes e suas edições em vinil favoritas - é uma newsletter de/para entusiastas do formato. Mas não precisa comprar discos para dar um mergulho generoso (e gratuito) na música do ano, feito por alguém que passa o ano inteiro ranqueando discos enquanto tenta equilibrar vida e obsessão. Para quem gosta de descobrir artistas novos “foi finalmente reconhecido!”, vale abrir, escolher, copiar e colar em seu streaming de preferência:
Achei lá e tô ouvindo enquanto faço essa edição: o disco novo do portlander Alien Boy, You Wanna Fade. Tem no Tidal.
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Oi, Esse é o Guia Paulicéia é um projeto independente, que desde 2021 vem mapeando o que vale a pena ver e fazer em São Paulo. A edição de hoje traz alguns destaques da agenda de dezembro, com destaque para a primeira edição do Festival Novas Frequências
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Oi, Essa é mais uma edição do Guia Paulicéia, o compilado de coisas legais para ver/fazer em São Paulo enviado semanalmente para apoiadores da Tá Todo Mundo Tentando. Ainda que o chatgpt5 ajude com a revisão e formatação do texto final, toda a curadoria e pesquisa é minha mesmo. Não tem robô te indicando nada, então elogios ou xoxos podem vir pra mim mesma (para falar comigo é só responder esse email!)
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Cacete, me arrumei no mood hoje cedo (6ª 12) para depois pegar seu livro
Nos últimos anos tenho amado as correspondências do Caio F, parecem ter sido escritas nesta decada.