Guia Paulicéia: 11 lugares no centro de São Paulo que não são no Copan e na República
Santa Efigênia, Campos Elíseos, comida por quilo e cinema baratinho.
Oi,
Essa é mais uma edição do Guia Paulicéia, o compilado de coisas legais para ver/fazer em São Paulo enviado semanalmente para apoiadores da Tá Todo Mundo Tentando.
Hoje, a missão é escapar do circuito gentrificado ali entre o Copan, o Minhocão e a República. São espaços ligeiramente fora do radar, que são parte do coração da cidade, estranhos para quem é estrangeiro e familiares para quem é da área.
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📍 Bar Soberano
Reaberto em 2024, o antigo bar voltou a ser ponto de encontro de quem vive e estuda a história da produção cinematográfica underground de São Paulo. Nos anos 1960 e 1970, a Rua do Triunfo fervia com produtoras independentes e produções ousadas, e o Soberano era um ponto de encontro informal. Agora, é também cineclube e espaço expositivo sobre a produção da Boca do Lixo, com entrada gratuita, além de um bar com bons drinks e petiscos. É bem perto da Sala São Paulo e do fluxo da Cracolândia, que não raro passa na frente do bar quando está aberto. Não é intenção causar alarme, mas vale o aviso: se você não está acostumado com a área, não arrisque e vá de táxi.
Fica na Rua do Triunfo, 155, na Santa Ifigênia. Leia mais nessa reportagem da Folha.
📍Livraria Unesp
A livraria ocupa um dos prédios históricos mais importantes do centro, o mesmo onde, nos anos 1920, funcionou a editora de Monteiro Lobato. Desde 2007, é comandada por Maria Antônia Padovan, livreira histórica que começou na Duas Cidades e segue à frente do balcão com 79 anos. A Unesp tem mais de 15 mil títulos, incluindo selos universitários. E aquele silêncio bom, interrompido pelos sinos da Catedral da Sé.
Fica no Palacete São Paulo, Praça da Sé, 108. Leia mais no site da Quatro Cinco Um.
📍 Rei dos Reis
Um clássico do bairro, o restaurante é especializado em um tipo de comida chinesa tradicional, diversa e farta, que não tem intenção de ser gourmet nem instagramável. No Rei dos Reis você senta, come, pede mais um pouco e se orgulha de ter descoberto alguns dos melhores pratos da Liberdade, como a sopa wonton de camarões, os mariscos com alho negro, o pato laqueado com panquecas e o porco crocante. O segredo é ir cedo, preferencialmente de turma, para poder pedir vários pratos e provar de tudo — as porções são imensas e os preços são convidativos. Para acompanhar, cervejas e chás. De sobremesa, a banana caramelizada é uma delícia. Atendimento direto, ambiente simples, comida sem frescura.
Fica na Praça Carlos Gomes, 178, na saída do Metrô Liberdade.
📍 Esfiharia Effendi
Aberta em 1973 pela família Deyrmendjian, descendente de armênios que chegaram ao Brasil fugindo do genocídio, a Effendi é um capítulo vivo da história da imigração no centro paulistano. Pedro aprendeu a fazer massa com o pai (que foi poupado da morte por saber fazer pão) e passou o ofício adiante. O resultado: esfihas abertas e fechadas de massa fininha, coalhadas frescas, kaftas, charutinhos. Um lugar para lembrar que comida é cultura e memória.
Fica na R. Dom Antônio de Melo, 77. Mais informações no Google Maps.
📍 CinUsp Maria Antonia
A Sala Carlos Reichenbach fica no Centro Universitário Maria Antonia, na Rua Maria Antonia, 294 — prédio histórico da USP que foi palco da resistência à ditadura e da famosa Batalha de 1968. Hoje, abriga exposições, cursos, debates e uma programação cultural voltada aos direitos humanos e à produção crítica de conhecimento. A sala de cinema, batizada em homenagem ao cineasta, recebe mostras gratuitas.
Fica na Rua Maria Antônia, 258/294, Vila Buarque. Acompanhe a programação.
📍 Shuffle
No comecinho da Rua Ana Cintra, bem ali nos Campos Elíseos, o Shuffle é um bar que serve bons coquetéis por preços honestos e boa trilha sonora. Ideal pra encerrar um passeio pelo centro com uma cerveja gelada ou um Negroni decente, ouvindo música em um espaço despretensioso.
Mais informações no Instagram:
📍 Rotisserie Bologna
Aberta desde 1926, a Bologna é uma das rotisserias mais tradicionais da cidade. Após um hiato, reabriu em 2013 com cara de padaria moderna, mas manteve seu salão icônico, com piso quadriculado, espelhos nas paredes e a famosa "televisão de cachorro" — a vitrine onde o frango assado fica girando lentamente. O tempero é clássico: vinho branco, ervas frescas, e um gostinho de domingo com os avós. Os sorvetes e doces também são ótimos.
Fica na Rua Augusta, 379. Leia mais na Vejinha.
📍 Lotus Restaurante Vegetariano
Na Brigadeiro Tobias, entre a Luz e o Paissandu, o Lotus é conhecido por todo mundo que mora ou trabalha no Centro e precisa de um porto seguro para um almoço rápido e nutritivo sem cortar os pulsos. Serve comida vegetariana, leve, simples e muito gostosa em esquema bufê por quilo.
Fica na Rua Brigadeiro Tobias, 420, Centro. Leia reviews de gringos felizes no Trip Advisor.
📍 Cine Satyros Bijou
A sala Patricia Pillar, onde hoje funciona o Cine Bijou, é um exemplo do que pode acontecer quando a população se mobiliza. Fechado por anos, o cinema foi reaberto com pelo coletivo teatral que tem sede no imóvel vizinho, com apoio coletivo, e hoje exibe mostras de filmes de arte a preços simbólicos, com atenção especial ao cinema brasileiro. Um espaço para quem gosta de cinema fora do circuito comercial, onde não precisa comprar ingresso antecipado e ainda dá pra tomar um drink nos bares da Praça antes ou depois da sessão,
Informações, programação e ingressos no site oficial e no Instagram:
📍 Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Inaugurado em 1953, o Teatro de Arena foi um dos marcos da renovação do teatro brasileiro no pós-guerra. Fundado por estudantes e artistas comprometidos com uma dramaturgia nacional, o espaço lançou nomes como Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, protagonistas de uma revolução estética e política nos palcos. Em 1958, recebeu a estreia histórica de Eles Não Usam Black-Tie, que se tornaria símbolo do teatro engajado no Brasil. Rebatizado em 1977 como Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em homenagem ao ator e diretor russo radicado em São Paulo, o espaço passou a ser administrado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte). Hoje, mesmo com uma programação irregular, segue como patrimônio cultural da cidade. A estrutura original está preservada — e o palco vazio ainda carrega o peso da história.
Fica na Rua Dr. Teodoro Baima, 94, na Vila Buarque. Leia mais no site do MinC.
📍 Biblioteca Mário de Andrade
Mais que uma biblioteca, a Mário é um centro cultural no centro que também acolhe quem quer (ou precisa) trabalhar fora de casa com silêncio, wi-fi gratuito, horários adequados, muito espaço e boa iluminação. Não é um lugar para fazer reuniões, por motivos óbvios, mas se você precisa de concentração, ela é perfeita. Vale ainda lembrar da varanda deliciosa com vista para os prédios antigos. E por mais que os muitos (´bons!) eventos da Mário sejam importantes e maravilhosos, como a Feira Miolos e o Festival Mario de Andrade, é preciso lembrar e valorizar o conceito inteiro por trás: uma biblioteca pública, linda, gratuita, acessível. Como tem que ser.
Programação sempre atualizada no Instagram:
Como muito frango do Bolonha na casa dos meus pais. Ele tem um risole delicioso tmb :)
Adoro o shuffle ♥️