💰 Tá Todo Mundo Tentando: lidar com dinheiro
Não sei como é para vocês, mas eu tenho uma péssima relação com dinheiro.
Para ouvir lendo → "Changes” do Bowie. Um clichê para lembrar que you can't waste time. Eu gosto muito dessa fase do Bowie que se por um lado parece muito crua em comparação com a sofisticação dos trabalhos do final da década (a célebre “trilogia de Berlim” em especial) por outro tem muitos dos elementos melódicos que fariam do Bowie um dos grandes compositores do século XX(sim, é isso mesmo que você leu). O Hunky Dory, disco que também traz a clássica "Life On Mars”, faz parte da transição de um Bowie cabeludo tocando violão ("The Man Who Sould The World, 1970) e o Bowie alienígena andrógino de cabelos vermelhos arrepiados (Ziggy Stardust, 1972). Não era sua primeira mudança de persona, definitivamente não seria a última. É impossível definir Bowie com uma música só. Mas, tematicamente, "Changes” talvez seja a que chega mais perto disso.
Oi,
Voltei do recesso na segunda e na terça já saiu a edição de janeiro da Zeladoria um email com dicas de coisas para ler, ver, ouvir. Ontem, quinta, também saiu o Guia da semana. Queria ter aproveitado o recesso para escrever várias edições da newsletter e alcançar o sonho das crônicas na gaveta. Mas não aconteceu. Aconteceram outras coisas e fui levando, um dia de cada vez, usando a energia renovada para fundar bases do ano que eu quero — sempre sabendo que normalmente a vida vem, ri dos planos e passa rasteira. Mas sem sonhar um pouquinho a gente nem levanta da cama de manhã, sabe?
Uma coisa que fiz foi escrevinhar os planos para a newsletter nesse ano. O que fazer, como fazer, quando fazer. Aí, provando o que escrevi há duas frases, veio o escândalo do Nazistack. Resumindo muito: uma reportagem do semanário norte-americano The Atlantic apontou o uso e monetização de conteúdo nazista na plataforma, os fundadores do Substack imediatamente encomendaram junto a alguns usuários célebres uma carta de apoio à política de liberdade radical de expressão que eles defendem, outro grupo escreveu uma carta chamada Substackers Against Nazis exigindo a retirada das páginas nazistas, os fundadores ficaram quietinhos, mas aí a Margaret Atwood, a Anne Helen Petersen e o Casey Newton (que anunciou hoje a mudança para o Ghost) fizeram pressão, então o Substack fingiu que retrocedeu e derrubou cinco de contas que tinham poucos seguidores e nenhuma monetização — ou seja, não significam dinheiro para a plataforma, porque o Substack recebe 10% de toda transação feita por aqui. Agora tem um grupo articulado registrando cada newsletter de discurso extremista (racismo, nazismo, great replacement e afins) para levar o caso adiante.
E eu? Eu não bati o martelo sobre ficar. Congelei qualquer novo plano para a newsletter e ando pesquisando outras plataformas. Já sei que elas existem e funcionam bem. Mas tem uma comunidade de autores (anti-nazi) no Substack da qual faço parte e com a qual quero estar. Nunca fui “impactada” por conteúdo nazista no Substack pela forma como a plataforma funciona, é verdade, mas isso pode mudar. Se eu posso usar funcionalidades como o Notes e as recomendações para alavancar minha audiência (e fonte de renda), outras podem também. Honestamente, vale para qualquer plataforma. Mas é a postura dos fundadores do Substack que me desanima. Tudo isso tá rolando nos EUA e mesmo lá o Substack (ainda) é minúsculo, mas e se fosse no Brasil? E se o Substack receber injeção de investimento e crescer de verdade? Esse assunto não acaba aqui.
Mas por enquanto temos normalidades em pt-br e vamos seguir com a programação de sempre. Vai lá, passa um café, lê o texto de hoje e, se ele falar com você um pouquinho, me escreve de volta. Como sempre, para falar comigo é só responder esse email ou deixar um comentário.
Lidar com dinheiro
Não sei como é para vocês, mas eu tenho uma péssima relação com dinheiro.
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