Tá Todo Mundo Tentando: fazer sucesso no Substack
Ler, escrever e não se perder no barulho. E mais: vem aí um novo livro.
Oi,
Essa é mais uma edição da Tá Todo Mudo Tentando, uma newsletter sobre a vida nos anos 2020, enviada às sextas-feiras para apoiadores.
Esse é um projeto independente, que desde 2021 vem narrando, em crônicas e ensaios breves, o que é viver na São Paulo desses tempos às vezes muito bicudos.
Se você gosta do que encontra aqui, considere se tornar assinante para apoiar esse trabalho, e aproveite para conhecer meu livro “Tá Todo Mundo Tentando: Histórias para ler na cidade”, lançado em 2024 pela Editora Nacional, com uma seleção de algumas das crônicas mais queridas dos primeiros três anos de newsletter, e contos inéditos que você só encontra no livro.
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Alerta de livro novo!
Em novembro próximo chega meu próximo livro pela Terreno Estranho, editora paulista dedicada à publicação de literatura marginal, underground e provocativa e que, além de publicar no Brasil títulos musicais como as obras escritas do Nick Cave, Jarvis Cocker, Mark Lanegan e Bobby Gilespie, também publica autores nacionais como o Reverendo Fabio Massari, o essencial André Barcinski e o cronista, poeta e Mickey Junkie Rodrigo Carneiro. Como você pode imaginar, pra mim é um tremendo orgulho fazer parte desse casting!
Esse será um livro bastante pessoal, que estou enrolando para escrever há muito tempo e que passa por elementos importantes da minha carreira. É um livro musical. Vou contando mais nas próximas edições, mas já dá para avisar que o lançamento será na Feira Miolos, que acontece nos dias 08 e 09/11, na Biblioteca Mário de Andrade.
Enquanto isso, dê uma olhada no catálogo da Terreno, e acompanhe a editora no Instagram.
Ah, a edição dessa semana traz conteúdos embedados e links para newsletters em inglês, que eu não traduzi, ok?
Fazer sucesso no Substack
Fazer posts curtos. Fazer posts longos. Enviar só por e-mail. Enviar só pelo app. Fazer Notes. Deixar comentários. Ativar o Chat. Participar muito. Participar sem forçar a barra. Não participar, ter uma presença misteriosa. Publicar toda semana. Publicar três vezes por semana. Publicar só quando o coração mandar. Cobrar o valor de uma assinatura da Folha. Cobrar o valor de uma assinatura da Netflix. Cobrar o valor de um cafezinho mensal. Cobrar livremente, na linha “pague quanto puder”. Não cobrar. Usar desenhos. Usar fotos. Usar vídeos. Fazer lives. Fazer um podcast.
Há tantas formas de existir no Substack quanto há seres humanos (e IAs) tentando te empurrar uma régua do que é “certo” fazer para crescer nesse espaço. Sim: porque é preciso crescer sempre, nunca estar satisfeito com o presente, sempre mirar mais alto.
Pois bem: estou aqui (com um grupo nada fraco de colegas autoras!) desde 2021, quando o Substack não tinha nem botão de like. E posso dizer, pela minha experiência, que a maioria dessas dicas que tentam empurrar por aí não tem tanto valor assim.
Em meus anos nesse espaço, considerando tdo que já fiz, observei, acompanhei e testei, existem só dois conselhos fazem sentido pra mim:
Esse é um deles:
As publicações sobre o que funciona (ou não funciona) no Substack ganham tração no Notes, porque ajudam a plataforma a crescer. Não vou linkar exemplos aqui, não precisa — você sabe do que estou falando. Você, como eu, está sendo impactada por esses links não porque os deuses do algoritmo querem o seu sucesso, mas porque o sucesso da plataforma depende do sucesso de cada alcance individual. O meu e o seu também.
Fica parecendo que muita gente na nossa bolha quer saber como fazer sucesso rápido, como ter assinantes pagos, como ganhar selinho laranja, como encontrar leitores, como usar o Substack para vender produtos. Como usar o Substack.
Mas o buraco é mais embaixo: esse é o Substack nos ensinando a hypar o Substack.
Tenho minha parcela de culpa, porque tenho um curso (desde 2022!) em que proponho boas práticas e dou exemplos de bons projetos de newsletters autorais. Já teve quase vinte turmas e, sim, vai ter outro logo mais (você pode entrar na lista de espera para ficar sabendo das próximas edições, mas eu também sempre aviso por aqui!).
Voltando ao vídeo acima, o
, que não é bobo e não chegou ontem nesse parquinho, dá três dicas sensatas que valem para quase todo mundo: escrever a newsletter que você gostaria de ler, ter consistência na sua criação e desligar a notificação de cancelamentos de inscrição.O primeiro é o mais difícil, porque aprender a escrever bem não acontece de um dia para o outro, e entender o que você gosta de ler não é uma ciência exata. O segundo é crucial, pelo poder do hábito, e sou muito entusiasta da tal da consistência. Mas quero falar sobre o terceiro ponto, sobre des-inscrições (unsubscribes, no jargão local): é importante não se importar.
Sério, vou até repetir: não se importe com isso.
Quando uma pessoa para de assinar o seu Substack, o mais provável é que ela não esteja fazendo uma crítica pessoal a você. Não querer receber mais emails tem mais a ver com a quantidade de emails que uma pessoa está disposta a receber do que com qualquer outra coisa. Além disso, a concorrência anda puxada nesse espaço, com cada vez mais gente legal chegando todos os dias e disputando globos oculares. É simples assim.
Não entre no túnel da neurose.
Se importe com o seu. Dê atenção para o que você está produzindo e lembre que é uma construção lenta, isso aqui não é o TikTok, a coisa não “viraliza” e a coisa acontece na base de um texto de cada vez. Tem gente que está construindo casinha aqui há (literalmente) anos e não serve como base de comparação. A melhor régua que você vai encontrar é a sua, então tente somente melhorar a cada edição - já é muito! Às vezes vai ficar ótimo, às vezes vai ficar mais ou menos, às vezes as pessoas vão amar, às vezes vai passar batido. Faz parte do jogo. Tente de novo, falhe de novo. Faça o melhor que você puder.
Consistência, lembra? Algo bom vai sair dela.
Esse algo bom pode não ser o que você está esperando. Quando eu comecei a Tá Todo Mundo Tentando, lá no distante ano de 2021, a minha intenção era uma só: retomar uma prática da escrita que eu tinha perdido - já escrevi sobre isso, também, às vezes acho que já escrevi sobre quase tudo que foi importante nesses quatro anos e que a ficção é a única saída (nota mental: guardar o assunto para outro dia).
Ao longo desses quatro anos, a TTMT me trouxe muitas coisas muito boas. E essas coisas ótimas não têm necessariamente a ver com o selinho laranja, mas eu seria cretina de dizer que essa validação não importa. Importa, sim. Eu escrevo para ser lida. Mas antes de querer ser lida, eu quis escrever. É crucial lembrar disso, porque escrevo toda semana e às vezes as pessoas não leem. Daí, tenho que escrever de novo na próxima semana, com ou sem vontade, já que não é possível depender de inspiração. Então, retomo a intenção que defini lá atrás: escrever. Assim a vaidade, que é uma coisa muito humana mas pode cobrar um preço alto, não me distrai. E retomo o compromisso que me tornou uma escritora melhor, mais capaz, mais disposta a arriscar, mais confiante no meu próprio processo.
Outro item dessa equação que não pode ser desconsiderado é que o que Substack, é uma bolha. Ainda mais em português brasileiro. E dentro dessa bolha, o seu foco deve ser a construção do seu público leitor, que está nos nomes e emails dos seus assinantes. Digo isso por um motivo incontornável: esses nomes e emails são o que você vai levar com você caso saia dessa plataforma um dia.
Não quer pensar no futuro? Tudo bem, pense no agora e vá olhar suas métricas para ver a relação entre leituras no email e leituras no ambiente Substack. Por aqui, cerca de 98% dos leitores leem cada edição no email e uns 2% ficam no app. São esses 2% que dão likes, fazem restacks com quotes e outras métricas de vaidade interações que só existem dentro da plataforma. É uma boa medida de sucesso? É sim. Mas não importa fora do Substack.
Não sei o que importa para você, mas o que me interessa é ter leitores. E criar uma base de leitores é trabalho de uma vida inteira, sem método testado e aprovado para a felicidade.
Quero terminar com o outro melhor conselho que já li sobre essa rede, talvez o mais importante: não existe regra. Vem do
, colega dos tempos de travel writing e um dos mais espertos criadores de conteúdo desse boteco, autor da ótima :💌 Newsletter da semana: Content is King
Quero deixar uma recomendação em inglês para quem lê nessa língua: a newsletter
publicou há poucos dias uma entrevista com Adam Aleksic, autor de “Algospeak: How Social Media Is Transforming The Future Of Language” - leia review na Associated Press. Aleksic também é autor da newsletter e nessa conversa defende a ideia de alguns dos melhores escritores da nossa geração estão, neste momento, publicando no Substack:Ter um pé atrás com qualquer plataforma é não só sensato, mas necessário. Então por que continuar aqui? Me pergunto quase todos os dias, a resposta é que, apesar dos pesares, é aqui que muita gente boa está escrevendo e construindo, edição por edição, um espaço próprio. Me interessa acompanhar esses espaços, e construir o meu (sempre lembrando de fazer os backups semanais, dica boa que a
dá aqui).📌 Se você tiver um(a) escritor(a) preferido(a) por aqui, me conta? Quero muito conhecer o que vocês estão lendo também.
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🔊 Guia Paulicéia: bares de audição em São Paulo
Oi, Essa edição do Guia Pauliceia está aberta para todos os leitores, então fique à vontade para ler e espalhar.
Bom fim-de-semana!
Como sempre, para falar comigo é só me responder esse email ou deixar um comentário:
tenho poucos inscritos, mas a taxa de abertura não passa dos 20%. Sabe... não quero inscritos que não leem, só quero os que leem ainda que seja uns cinco entende? Ou eu tô errado?
Que maravilha de texto, viu. Aliás, como de costume.