Tá Todo Mundo Tentando: promessas de ano novo
Parar de fumar, fazer dieta, exercício físico, mudar de emprego, viajar, sair do Serasa.
Para ouvir lendo → “Diamond Day”, na versão original 70s da londrina Vashti Bunyan. É uma música fácil, singela e solar, um quase-sucesso dos anos da folk music inglesa, uma coisa hippie pastoral que o punk se encarregou de enterrar bem enterrado. Me despeço de 2023 com esse lalalala na cabeça, pronta para usar pantone-peach-fuzz na virada e ter um ano fácil, singelo e solar em 2024. Tem na playlist da Tá Todo Mundo Tentando no Spotify.
Oi,
Já avisei antes, mas quero lembrar vocês, leitores e leitoras amados e amadas do meu coraçãozinho que me mantiveram escrevendo ao longo desse ano com tanto apoio e carinho, que a newsletter terá um breve recesso na virada do ano. O último envio do ano será o Guia Paulicéia de 21/12/2023, quinta-feira. E o primeiro envio após o recesso será a Zeladoria de janeiro, na segunda-feira, 08/01/2024. Como sempre, para falar comigo é só responder esse email ou deixar um comentário.
Promessas de ano novo
O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
(Guimarães Rosa , Grande Sertão :Veredas)
Sou uma pessoa de metas. As penso, escrevo e acompanho. Não é culpa de mapa astral, já que nem tenho Virgem no céu. É mais estratégia de sobrevivência, coisa de aprendizado da vida: sem planejar e me comprometer sou capaz de ficar largada na vida. Tenho enorme dificuldade de me concentrar mesmo no que me interessa e para realizar preciso visualizar, concentrar. Então registro minhas metas, reais ou não, na intenção de me prender ao processo.
Vale para quase tudo: a escrita, para saúde, para criar hábitos, para um monte de coisas rotineiras ou não. Como novos hábitos, por exemplo. Ando animada com fazer massagem facial de manhã e quero investir em novos produtinhos, então estabeleço (na minha cabeça mesmo) uma meta e sua recompensa — tipo, se eu fizer a massagem direitinho durante duas semanas, me dou um sérum novo. Compro a legging bonita que vi na loja se mantiver a rotina da academia por um mês. Me dou o cheeseburger do Z Deli no domingo se mantiver a restrição alimentar direitinho durante a semana.
Tenho sistemas parecidos para a escrita, dividindo o trabalho em segmentos. É uma forma de não me apavorar com a dimensão de um projeto maior e com os emails de cada sexta-feira. Meio como aquela técnica pomodoro1 — por aqui funciona.
Pode chamar de mania de controle. Fui uma pessoa de temperamento descontrolado durante boa parte da vida, uma mistura maluca de água e fogo que só começou a amornar de uns anos para cá, e eu gosto mais dessa minha versão serena e sensata do que dos incêndios interiores que estava sempre arriscando fatalidades. Desenvolver esses esquemas é uma forma de tentar fazer com que as coisas comecem e continuem. É preciso, claro, ter flexibilidade, aceitar que as coisas mudam e que um plano feito hoje de noite pode não ter sentido amanhã ou depois. As coisas, elas mudam. Faz parte.
Essa flexibilidade é muito presente no planejamento anual que faço desde pelo menos 2015. Todo final de ano eu revejo minhas metas, expectativas e planos do ano anterior e as renovo para o ano seguinte. Faço isso com calma, normalmente em meados de novembro. Não é uma coisa de dez minutos e é terapêutico no sentido de entender, ano após anos, o que alcancei e o que ficou para trás. Busco fazer planos realistas, pautados “em quem quero ser e como quero viver neste planeta” —como diz com perfeição concisa a Gabi Albuquerque nesse ótimo post sobre planejamento de projetos, de escrita (e da vida):
Continue a leitura com um teste grátis de 7 dias
Assine Tá Todo Mundo Tentando para continuar lendo esta publicação e obtenha 7 dias de acesso gratuito aos arquivos completos de publicações.