Para ler ouvindo ▶️ “Let me down easy", da Daisy Jones & The Six. Vi a série, achei fofinha (comentei aqui, só para apoiadores), estava precisando de uma leitura leve essa semana e acabei embarcando no livro. Não é uma leitura que vai mudar sua vida, mas é mais interessante que a produção da Amazon, com as personagens femininas mais destacadas, em especial a Camila Dunne, e menos pudor ao mostrar e falar sobre drogas. Ainda assim: caretinha e inofensiva. Aurora, o álbum, foi gravado para acompanhar a série e é delicioso, vagamente inspirado em Fleetwood Mac, mas com uma sonoridade pop atual. Os vocais são da dupla de protagonistas Riley Keough (Daisy Jones) e Sam Clalfin (Billy Dunne) e o álbum tem colaborações de Marcus Mumford e Phoebe Bridgers — o The Wrap tem detalhes sobre quem faz o quê no álbum. Vale pra você que também entrou nessa leve espiral de obsessão com roupas franjadas e camisas jeans.
Escrever
Existem dezenas de livros sobre escrever de gente que realmente escreveu muito (e bem!) na vida. Acho que parte da graça de falar (ou ler) sobre escrever tem menos a ver com a dificuldade da prática e mais com que botar pensamentos, memórias, ideias e histórias no papel tem algo de “mágico”.
Portanto, é inevitável pensar em como os outros escrevem. E uma vez confortável com a prática, tentar passar adiante um tanto do que se aprendeu, numa mistura de generosidade com egolatria.
Outra parte da graça também está na inexistência de uma fórmula universal. Existem tantos jeitos quanto escritores e seus conselhos: escreva de manhã, escreva de tarde, escreva a noite toda, escreva à máquina, escreva no papel, escreva no Scrivener, escreva bêbado, tome café, agrade sua musa, faça um pacto com o diabo.
Daqui do alto da minha limitada experiência, acredito que só existem três pontos inegociáveis para quem quer escrever, profissionalmente ou não.
Primeiro, para escrever é preciso ler muito e sempre. Ler com paixão, ter amor e interesse genuíno pela leitura. Não estou falando necessariamente de ler os clássicos (clássicos por bons motivos e tentar lê-los nunca é desperdício de tempo e esforço, vai lá) mas de ler com motivação sincera, por prazer. Se você escreve, com certeza já sabe disse. Se quer escrever, então vai ter que aprender a equilibrar seu tempo de escrita e leitura. Uma só existe com a outra.
Segundo, desculpa a obviedade, mas para escrever é preciso escrever mesmo. Ninguém vai fazer isso por você. Tem que insistir, ter comprometimento com a escrita, de preferência todos os dias e aos domingos também. Escrever é como praticar um esporte, ou desenhar: só se aprende e melhora fazendo. Não por acaso muitos nomes da escrita se tornam grandes na maturidade.
Terceiro, é preciso facilitar e permitir que outros leiam o que você escreveu. Isso vale tanto para quem quer ter uma newsletter quanto para quem quer tentar escrever um livro. Tenha uma pessoa próxima que possa ler e dar conselhos, fale com essa pessoa sobre que sentimentos seu texto passou ou deixou de passar, ouça criticas, reescreva, recomece.
Talvez esse terceiro conselho nem seja necessário, falo só da minha experiência. Mas o primeiro e o segundo, sim, são inescapáveis.
Há mais, claro. Faça cursos, tente reescrever textos dos quais você gosta, tente escrever em diferentes vozes, crie sua rotina, leia em voz alta para entender o ritmo, busque de forma incansável o que só você tem. Escreva até estar confortável, ainda que nunca 100% satisfeita, com o que escreveu. É quando você vai saber que encontrou sua voz. É a coisa mais importante que tem, o resto é jujuba.
Eu escrevo em vários momentos, mas a melhor hora boa é de manhã cedo, logo após tomar café e antes da agenda do dia começar. Funciona porque ainda não estou distraída com outras coisas e depois que escrevi (umas páginas de diário, um parágrafo de reportagem, uma crônica para a newsletter, um trecho de livro) sinto uma sensação de missão cumprida parecida com a que a gente sente após fazer exercício. Um “tá pago”. Por aqui é assim, nec spe nec metu, e me faz um bem danado.
Lembro de escrever diários na adolescência, muitos, sempre para botar para fora a angústia de crescer sem entender nada do mundo e de ter espaço para supervalorizar meus dramas. Depois comecei a escrever sobre música, por incentivo de amigos. E fui ficando, aprendendo a encontrar espaços onde eu pudesse ganhar um capilé em troca de umas palavras bem colocadas. Uma hora, entendi que escrever é a única atividade remunerável na qual vou ficar cada vez melhor conforme os anos forem passando. Além disso, é charmoso.
Mas escrever pode ser maçante, solitário e cheio de inseguranças. Acontece que essa característica solitária, neurótica e autocentrada da escrita acaba por tornar as pessoas que escrevem meio insuportáveis — tenho alguns amigos escritores que são pessoas adoráveis e divertidas, mas só alguns. Mas se mesmo tentando evitar, passando perrengue financeiro e se cercando de pessoas meio malas, se mesmo assim você não consegue parar, é porque você nasceu para fazer isso mesmo. Aceita.
Em 2021, sai do meu trabalho numa firma e passei umas semanas em um tipo de sabático express, lendo, escrevendo e desintoxicando do ambiente onde estive imersa por dois anos e meio. Sempre que pensava no que fazer, agora a resposta era escrever. Escrever o quê? Minhas crônicas, o romance que enrolo há uns cinco anos, contos curtos. Não importa. Coisas. Claro que tenho ideias, que reparto com uns dois (quem sabe três) amigos, porque há tempos aprendi a deixar meus planos, principalmente os bons, guardados comigo, e só me abrir com quem merece. Guardo os planos até começar. Às vezes não começam porque as ideias vão ficando rarefeitas na rotina até sumirem por completo. É uma pena, mas é o que é. A beleza é que outras ideias sempre surgem. Tá aí a graça, acho: para quem escreve, existe uma fonte que nunca seca.
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Em abril, a Tá Todo Mundo Tentando faz dois anos
Tá todo mundo tentando: escrever foi publicada em 04/06/2021, quando a TTMT era uma newsletter nenê. Ao longo do mês pretendo trazer alguns textos desse começo da newsletter, reescritos. Tem alguma edição da TTMT que você gostou muito e quer rever? Me fala, vou adorar saber:
TTMT + Holistix #publi
Há duas semanas, eu falei sobre a minha rotina das manhãs com produtinhos da Holistix: escova seca, leite de coco em pó, golden mix (com cúrcuma!) e maca peruana. Volto agora para falar sobre a rotina da noite.
Eu prezo muito meu sono. Mesmo. Poderia, inclusive, escrever um “tá todo mundo tentando: dormir”. Meu sono é um indicativo de como as coisas estão indo. Eu durmo fácil, quase sempre. E quando em tempos de estresse (por qualquer motivo) a primeira alteração que sinto é no sono: acordo e não consigo mais dormir, fico fritando, levanto antes das cinco da manhã, etc. Não é bom, cobra um preço alto no meu dia.
Leia também: o que aprendi ao priorizar meu sono
Faz tempo que aprendi a ter uma rotina de “higiene de sono” que funciona na minha vida atual: o principal é fugir da luz azul e do doomscroll, então pelo menos duas horas antes de dormir eu saio de computador e celular. Banho, comida leve, sem beber, sem fumar, livro ou filme, coisas que me ajudem a tirar a cabeça da agenda do dia e me preparar para descansar.
Nisso, alguns mimos: borrifadas do Spray Lavanda no travesseiro (no banheiro também) e óleos essenciais do kit de aromas da Holistix para acalmar ou dormir, dependendo da noite (tem o digerir também!).
É melhor quando eu fiz exercício durante o dia, melhor ainda quando não estou carregando algum peso no peito. Nem sempre é assim. Mas de qualquer forma: é a criação do hábito que importa.
Para quem tem problemas para pegar no sono (não é meu caso) uma gotinha de Melatonina uma hora antes de dormir + uma boa rotina de higiene do sono (ficar longe de telas, comer leve, não beber) ajuda horrores. Mas vale um aviso importante: consulte um profissional antes de embarcar na melatonina, ok? Principalmente se remédio psiquiátrico faz parte da sua vida.
Leia também: quatro formas de regular sua dose diária de melatonina
Se você quiser comprar outras coisas no site da Holistix, pode usar o cupom de desconto GAIAPASSARELLI — dá 12% de desconto (um uso por CPF, apenas para produtos Holistix).
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Amoooo nossa sintonia secreta e despretensiosa - hoje minha news foi sobre escrever também, depois de ter feito minha primeira oficina. Foi um mês muito bom pra pensar sobre o que funciona e como fazer diferente, explorando as infinitas possibilidades dessa atividade infinita. No começo da newsletter pensava "de onde vou tirar ideias?" e vejo que quanto mais escrevo, mais escrevo. Adorei essa edição ♥️
Nossa, eu realmente estava precisando dessa leitura! Sempre amei ler, mas só descobri minha paixão por escrita em um período difícil da minha vida. Quando tinha/tenho crises de ansiedades, minha psicologa aconselhou a escrever meus sentimentos em um diário, e assim foi. Comecei quando só tinha crises, depois passei a escrever momentos felizes. Daí comecei a trabalhar como redatora publicitária, mas falta agora da escrita “livre” para mim, por isso criei minha newsletter. Confesso que, muitas vezes, ainda sou insegura com minha forma de escrita, mas amo quando alguém me dá conselhos construtivos. E é isso, você vai escrevendo e aprendendo, com cursos, conselhos e sem perder sua essência. Obrigada pelas dicas, com certeza as seguirei!