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Tá Todo Mundo Tentando: pentimento

Termo empregado para o aparecimento, em telas, de pinturas ou desenhos feitos anteriormente sobre uma pintura em restauração.

set 15, 2023
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Para ouvir lendo: a Elis Regina cantando “Gracias A La Vida" no disco Falso Brilhante (é o que tem “Como Nossos Pais”). No final desse email eu falo mais sobre o documentário “Elis & Tom”, que estreia dia 21 nos cinemas nacionais.

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por Tiago Lacerda @elcerdo

Pentimento1

Eu estava me sentindo importante, sentada no centro da mesa cheia que marcava minha primeira década de vida. O restaurante era o de sempre, um italiano no Itaim, bairro paulistano classe-média. A escolha de restaurante para comemorar aniversários cabia a quem pagava a conta, no caso o meu avô. Desse, em especial, ele gostava muito e a família toda acabava indo na empolgação dele, ainda que alguém pudesse resmungar pelo canto da boca um "ai, de novo?", sabendo que era inútil. O velho não ouvia ninguém e esperava, pelo menos no âmbito familiar, respeito absoluto pelas suas vontades de patriarca. Em suma, não havia opção e para mim isso ainda não era um incômodo. Os aniversários aconteciam algumas vezes por ano, sempre com as mesas agrupadas para fazer caber todo mundo, as toalhas brancas preenchidas por pratinhos de vôngoles, pão, azeite, muzarela, palitinhos de cenoura e pepino, taças de vinho. O cardápio também não mudava: o paglia e feno2 favorito do vô, para todos. Menos para meu pai, que expressava a rebeldia escolhendo um prato de filé só para si. Ainda era o tempo dos grandes almoços de família, quando a vida permitia que todos estivessem juntos na mesma mesa. Com dez anos, eu amava o Tatini, amava os almoços e tudo mais que o vô julgasse bom, correto ou adequado. Irônico que mais tarde, a nossa última conversa antes de ele ir para o hospital tenha sido justamente uma discussão teimosa sobre a escolha de um restaurante — não foi nossa única briga, mas foi a única que perdi. Melhor assim.

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