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Tá Todo Mundo Tentando: saudades do futuro

O espírito do tempo imposto.

jun 13, 2025
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Para ouvir lendo: “High Tech Jazz”, do Galaxy 2 Galaxy. Queria poder ouvir essa música pela primeira vez de novo. Tá na playlist da Tá Todo Mundo Tentando no Spotify.

Oi,

O único raio de esperança que anda batendo nessa semana gelada tem dois nomes.

O primeiro é Sumud Convoy: a marcha civil que saiu da Tunísia e está nesse momento atravessando a Líbia e o Egito em direção à Gaza, para romper o bloqueio militar israelense por terra. O segundo é a Marcha Global Para Gaza, formada por cidadãos de mais de 50 países. Eles estão se encontrando no Egito, onde já encaram os primeiros bloqueios. A proposta é percorrer juntos os 48 quilômetros da Passagem de Rafah e entrar em Gaza de forma pacífica, levando médicos, alimentos e água, no dia 15 de junho.

A reportagem em vídeo abaixo, da emissora pública turca, explica que não há expectativa realista de conseguir acesso à Gaza: o comboio é pacífico e não pretende confrontar o exército de Israel. Assim como a flotilha que partiu no início da semana, a iniciativa busca pressionar lideranças globais a tomarem ações reais.

Essa é uma das maiores histórias de mobilização civil de todos os tempos, e está acontecendo nesse momento.

Acompanhe pelo site oficial, ou procure na Al Jazeera e nas redes sociais por SumudConvoy e MarchToGaza.

A escritora e jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho, vencedora do Prêmio Oceanos 2022, está no Brasil para o lançamento de “Gaza está em toda parte” e participa, no domingo, da programação d’A Feira do Livro do Pacaembu.

A obra, publicada simultaneamente pela Bazar do Tempo no Brasil e em Portugal reúne crônicas e reportagens escritas entre outubro de 2023 e abril de 2025, com um olhar literário e documental sobre os ataques em Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Israel. Com 111 imagens inéditas, o livro propõe um testemunho direto e humanista do que a autora chama de "o maior campo de extermínio do nosso tempo".

Alexandra participa neste domingo (15) da programação d’A Feira do Livro, que acontece até 22 de junho na Praça Charles Miller, no Pacaembu. Ela fala às 14h15 e segue com uma agenda de encontros em universidades e livrarias em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.

📅 “Gaza está em toda parte” com Alexandra Lucas Coelho
Domingo, 15/06, 14h15
A Feira do Livro, Praça Charles Miller, São Paulo. Entrada gratuita.
Programação completa: afeiradolivro.com.br

Pentimento

Não sei quem lê a Ta Todo Mundo Tentando das antigas, mas essa história já apareceu por aqui em duas edições de 2023 - quem é apoiador pode ler a primeira parte e a segunda no arquivo.

Se você chegou agora e quer sentar na janelinha, é o seguinte: há uns anos eu encontrei uma carta que uma tia me escreveu na infância e deixou guardada com a minha mãe para me dar quando eu fosse adulta.

A história inteira já apareceu em um episódio passado do ótimo Radio Novelo Apresenta, e acaba de ganhar reedição, como comentei no Notes. Não é repeteco, é uma nova edição da mesma história.

Obrigada pelo carinho com quem conduziu esse processo,

Natália Silva
.

A crônica da semana está abaixo.

Boa leitura e até semana que vem,
g.

1. Quando cheguei na “cena”, a primeira coisa pela qual me apaixonei foi pela música. Foi algo que aconteceu ao longo de algumas poucas semanas em meados de 1995.

Sempre gostei muito de música, desde criança. Cresci numa casa musical. E gostar de techno foi um jeito de gostar de algo que era totalmente meu, que era da minha geração — não era o rock, a MPB, a soul music, o jazz que tinha em casa, nem o punk e pós-punk que eu tinha nascido tarde demais para ser parte. Gostar de techno era fazer parte de um grupo seleto de pessoas que entendiam uma nova linguagem musical, estética e comportamental.

Eu já tinha certo vocabulário, que vinha um pouco de bandas como Alien Sex Fiend, Nitzer Ebb e Cabaret Voltaire (if you know, you know), e um pouco do mais rasteiro poperô de FM. E a primeira vez que fui no Hell’s, com o namorado da época (que odiou tudo) a sensação foi de estar numa máquina de lavar ligada. Só que de um jeito bom. Daí as coisas aconteceram muito rápido — eu fiz minha primeira viagem para a Europa, fui parar em uma festa, voltei, terminei com o cara em questão, liguei para minha amiga que já sabia das coisas e pedi: me leva. Ela me levou e, em uma noite (ou manhã), as coisas se encaixaram. Dancei até o sol ficar alto lá do lado de fora, sobre São Paulo.

Logo depois, me apaixonei foram as pessoas. Ou me apaixonei pelo que a música fazia com as pessoas: aquela comunhão espiritual-musical que só a experiência de uma boa pista proporciona. Me apaixonei pela ideia de que estávamos todos lá, juntos, a cada manhã de domingo, estupidamente felizes. Me apaixonei pelo processo de pensar o look, conhecer os detalhes sobre o que se tocava, os nomes dos DJs, os cantos onde sentar fumando cigarro, as garrafas de água repartidas. Me apaixonei por ter um vocabulário, uma estética, um mundinho muito exclusivo mas também compartilhado. Me apaixonei pela crença de sermos muito especiais.

E também me apaixonei, claro, pelas drogas. Negar isso seria uma mentira deslavada, e eu odeio mentiras. As pastilhas de MDMA, que na época a gente chamava de ecstasy, livres de anfetaminas, eram muito mais puras do que as versões que ainda circulam hoje e tinham um efeito de abertura emocional total. Era meio ingênuo e muito intenso. Uma coisa que acontecia no corpo e na cabeça, mas principalmente no peito. Uma vez que você se entregava, você se abria e a música entrava. Eu nem questionei: a partir dali tudo entrou em segundo, terceiro plano, minha vida seria dedicada às noites de sábado, manhãs de domingo. E algumas madrugadas de segunda, terça, quarta, quinta, sexta também. Estava fechada a trinca que dominaria os próximos muitos anos da minha vida: música, amigos e a droga perfeita.

2. O tempo muda tudo, claro. Da trinca da minha juventude, a única coisa que não me fez mal foi a música.

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